Este trabalho apresenta o estudo realizado no Engenho Monjope, situado no município de Igarassu,
em Pernambuco. Esta pesquisa trata da caracterização das argamassas de revestimento e
assentamento coletadas das quatro principais edificações do Engenho: Casa Grande, Capela, Senzala
e Fábrica, a fim de se obter um maior conhecimento acerca dos componentes destas argamassas de
épocas possivelmente distintas, já que o Engenho tem sua história iniciada no século XVII estando o
mesmo em atividade até o início do século XX, passando por um período de abandono, até 1986,
quando finalmente a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE)
iniciou o processo de tombamento do Engenho, visando salvaguardar este patrimônio. Todas as
amostras coletadas tiveram suas cores especificadas pelo sistema de Notação Munsell e foram
observadas em lupas de 10x de aumento. O teste de absorção do tubo de Kansten foi realizado in situ
nas argamassas de revestimento. Em todos os testemunhos retirados foram realizadas análises
estruturais pela difratometria de Raios X (DRX), espectroscópicas através da Espectroscopia no
Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) e também microestruturais e composicionais pelo
ensaio de Microscopia Eletrônica de Varredura com dispersão de energia (MEV-EDS). Tais ensaios
possibilitaram a análise da permeabilidade à água, a determinação da natureza e dos componentes
mineralógicos, a identificação de compostos orgânicos e a descrição da morfologia dos constituintes.
Desta forma, foi possível determinar os prováveis aglomerantes e agregados de cada argamassa. Com
base nos resultados obtidos, é possível concluir que as argamassas do Engenho Monjope continham
em seu aglomerante cales oriundas de rochas calcárias, rochas sedimentares de origem marinha,
conchas de moluscos bivalves e ainda de dentes e ossos de animais vertebrados. Quanto aos
agregados, os picos apontados no DRX e no FTIR, a morfologia apontada pelo MEV e o mapa geral
do EDS apontam materiais arenosos e argilosos. Também foi observado que as edificações menos
nobres apresentavam uma argamassa de teor mais bastardo, enquanto as edificações que
simbolizavam prosperidade econômica possuíam uma argamassa esbranquiçada, mais rica em cal.