[en] EXCLUSION AND INCLUSION OF STUDENTS FROM THE POPULAR CLASSES IN UNIVERSITY: THE ROLE OF READING AND WRITING
[pt] INCLUSÃO E EXCLUSÃO DAS CAMADAS POPULARES NA UNIVERSIDADE: O PAPEL DA LEITURA E DA ESCRITA
Description
[pt] O ponto de partida desta tese é o debate em torno de políticas de ação afirmativa voltadas para afro- descendentes e estudantes oriundos de escolas públicas no Rio de Janeiro. No âmbito deste debate, lanço meu olhar para o papel da cultura escrita no interior do projeto de vir a ser universitário entre os setores populares. Afastando-me da ideologia do déficit, procuro enfrentar a discussão sobre a desigualdade imposta pelo sistema educacional no Brasil, no que diz respeito, especificamente, à relação dos setores populares com a cultura escrita. Com este objetivo, foram realizadas entrevistas e observação participante em duas universidades, sendo uma pública e outra privada. Houve, também, um processo de imersão em uma comunidade de baixa renda e, além disso, buscou-se estabelecer uma aproximação em três espaços de formação engajados nos movimentos de inclusão e permanência destes setores na universidade: um pré-vestibular comunitário e dois projetos desenvolvidos nas duas universidades com o objetivo de minimizar as dificuldades específicas apresentadas por estes grupos em relação à leitura e à escrita. Trabalhando com o conceito da leitura e da escrita como práticas sociais, a pesquisa aponta para a dimensão formadora da universidade (ao menos as que foram pesquisadas), menos por eventuais estratégias pedagógicas, mas, principalmente, por processos de socialização em uma comunidade de leitores formada por professores com nível de letramento elevado e um ambiente favorável. A universidade é apontada como um espaço propício à apreensão do habitus destas práticas, seus gestos e objetos que compõem um tipo de sociabilidade característico e que, por diversas razões, infelizmente, não se dá de forma satisfatória, ao longo dos ensinos fundamental e médio.[en] The starting point of this thesis is the debate that surrounds affirmative action policy concerning African descendants, and students coming from public schools, in the state of Rio de Janeiro. In the context of this debate, the role of written culture is considered within the project of becoming a university student. Steering clear of deficit ideology, this thesis aims at confronting the discussion about inequalities determined by the Brazilian educational system, specifically concerning the relationship between the popular classes and written culture. Interviews and participant observations were carried out in two universities, one of them public and the other private. A process of immersion in a low-income community was carried out, as well as investigation of three educational spaces engaged in movements of inclusion and permanence of these groups in the university: a community admission examinations preparation course and two projects developed in the universities, the objective of which is to minimize the specific difficulties regarding reading and writing presented by members of these groups. Working with the concept of reading and writing as social practice, the research points to the formative dimension of university, less as a result of specific pedagogic strategies than through socialization processes in a community of readers composed of literate teachers and a propitious environment. The university is shown to be an advantageous space for the acquisition of the habitus of these practices, their gestures and objects, which comprise a characteristic kind of sociability that, unfortunately, for various reasons, is not satisfactorily accomplished during elementary and secondary education.